Monday, February 8, 2010

The Life Of... Julio Marques Tavares






Julio Marques Tavares (In Guinea, Africa 1967-1969)











Are you My Brother? É meu irmão?

My name is Marisa Tavares and I live in Toronto, ON Canada.

My father died when I was only 6 years old. I did not learn much about him until recently. He died in 1986 of Cancer.

Recently I found a box filled with my fathers military information of his time in the Portuguese Military from 1967-1969, He served his time in Catio Guinea, Africa.

I have since discovered that during his time in Catio he fathered a baby boy with one of the local women sometime between 1967-1969.

He is my half brother and I am looking for him.

Thanks to technology and the internet in last month I was able to find out more information about my father's time in the military.

What we know…
  • We know that he was in Catio, Guinea Africa between 1967-1969.
  • My father’s name was Julio Marques Tavares but was better known by his nickname Madragoa.
  • My grandmother (my father’s mother) was aware of this child and up until her death (also in 1986) would send the baby’s mother money to help the babies’ mother raise her first grandchild.

Below is information that I have gathered from other comrades I have been able to find in my quest to find my lost half brother ( In Portuguese)

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Querida Marisa, meu caro Luis Graça:

Vamos ver o que consigo dizer sobre as fotografias que a Marisa, filha do Júlio Tavares nos presenteou.
Vê por favor o que consegues aproveitar, não estou certo de ter escolhido a melhor forma de as comentar.

Antes e para começar, um pouco e história:


O Júlio Marques Tavares era Soldado Condutor Auto nº 06255566 da CCS do BART1913, que embarcou a 26 de Abril de 1967 no NM UIGE, tendo chegado à Guiné na manhã de 1 de Maio.


Desembarcados directamente do Uige para barcaças de transporte, seguimos até Bolama onde pernoitámos aguardando a maré, prosseguindo ao alvorecer o nosso destino para sul até Catió na região do Tombali, onde chegámos às 15H00 do dia 2 de Março, (este trajecto foi feito sem qualquer escolta e a única arma a bordo era uma pistola 6.75 do Cap. Botelho). Aqui ficámos até 17 de Fevereiro de 1969, data em que embarcados no cais do porto exterior de Catió no rio Cagopere a bordo da LDG 101 – Alfange, regressaram a Bissau.


Aqui, o BArt reagrupou com as restantes companhias e terminaríamos a comissão embarcando novamente no Uige na tarde de 2 de Março, levantando ferro com destino a Lisboa às 00H00 do dia 3 e onde chegamos a 9 do mesmo mês pela manhã, seguindo de comboio para V.N. de Gaia (RAP2), onde se chegou a princípio da tarde.
Depois de entrega do espólio, todos recebemos um passaporte de licença por 21 dias e uma requisição de transporte para o tão desejado regresso a casa.
Passámos à disponibilidade em 1 de Abril de 1969.


Dos registos na História do Batalhão consta que o Júlio Tavares foi louvado pelo comandante do batalhão em 25 de Novembro de 1968.

A resposta que esperava do camarada Fernado Graça, a quem pedi para falar sobre o Júlio, acabou por chegar só hoje, ao que parece andou perdida pela rede pois o endereço antes usado estava incorrecto e voltava à caixa dele.
Aqui fica então o que o Fernando, há distância de mais de quarenta anos, consegue recordar sobre o Júlio:

Caro amigo Vítor Condeço,

A razão desta mensagem é para falar sobre o soldado condutor auto Júlio Tavares que fez parte da CCS do BART1913 estacionada em Catió.


Este amigo era conhecido por Madragoa, era um homem bem disposto, reinadio e bom camarada.


A alguns condutores (tínhamos 24 na CCS) foram distribuídas as poucas viaturas existentes, o Madragoa conduzia uma GMC, outros camaradas tinham os Unimog 404 e o 411, a M. Benz, e os Jeeps.


Quando havia coluna de reabastecimento de Catió para Cufar todos os carros de grande porte faziam o trajecto entre estes dois aquartelamentos, operação que durava todo dia. Os abastecimentos vindos de Bissau em barcos apoiados pela marinha, quando chegavam ao cais velho de Catió, (I) as viaturas eram carregadas e seguiam rumo a Cufar, o nosso amigo Madragoa assim como outros camaradas condutores lá alinhavam nos seus “mustangues”.
Enquanto os sapadores picavam a estrada, outros camaradas montavam segurança, o dia era passado numa azafama por razões obvias, creio que a viatura do Madragoa ou a do Fontes um camarada de Famalicão tinham sobre os guarda lamas, nos estribos e no próprio chão da cabine do condutor, sacos de areia para amortecer o impacto do rebentamento de alguma mina que não fosse detectada.


O nosso amigo Madragoa também fez umas comissões de serviço em Ganjola, um pequeno destacamento a uns quatro km de Catió, era obrigatório fazer um mês neste destacamento, mas havia quem ficasse por lá mais tempo do que o habitual.


O Madragoa quase no fim da nossa comissão, talvez dois meses antes, escreveu umas milongas (II) aos seus familiares a pedir dinheiro.


Foram dois meses a tirar a barriguinha da miséria, bifes com batatas fritas no bar Catió e no outro bar que ficava em frente ao quartel do qual não me recordo o nome. (III)
Foi um manjar de deuses e brutas pielas. Fez bem o nosso amigo, porque quase dois anos de feijão-frade com atum de salmoura em barrica, arroz com calhaus que quase nos partiam os dentes e outras mistelas já bastavam.


E por isso, houve mosquitos por cordas quando fizemos um levantamento de rancho!
Quando chovia torrencialmente o nosso amigo Madragoa não se fardava metia a capa impermeável camuflada pela cabeça, as botas e lá andava ele na sua GMC.

Envio-te esta mensagem a contar estes pequenos nadas, mas muito significativos para nós, que os vivemos.


Faz chegar à filha do nosso camarada MADRAGOA este lembrar do que passamos há quarenta e três anos.



(I) - Porto Interior
(II) - Falsas histórias
(III) - Era a Cantina do Sr. Mota

Com um grande abraço do
Fernando Graça
Ex-Sold. Cond.
CCS/BART1913
Guiné - Catió 1967/69